quarta-feira, 21 de novembro de 2007

TCC- PROPOSTA DE LEITURA E ESCRITA - ALESSANDRA

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO (TCC)

Disciplina: Língua Portuguesa e Literatura
Série: 3ª série do Ensino Médio

PROPOSTA A (LEITURA)

1- Ler apenas o título do texto e elencar qual será o possível assunto do texto;
2- Ler o texto depois de resolvida a primeira atividade e verificar se houve confirmação ou não das hipóteses;
3- Identificar os objetos pessoais do personagem e descobrir a causa do desaparecimento dos mesmos de maneira gradativa;
4- Observar a obra de arte de Monet “Lapontneuf” e encontrar relações texto / obra;
5- Opinar frente a atitude de cada personagem que tentou tomar providências para atender Dario, inclusive a ação final quando lhe é colocado uma vela ao lado;
6- Ler a biografia de Dalton Trevisan (autor do conto “Uma vela para Dario”) e identificar relações quanto aos aspectos das características referentes à data, a escrita do texto, estilo do autor presentes no conto e recursos utilizados por ele.

CAPACIDADES DESENVOLVIDAS

A- Na primeira questão, as capacidades de leitura desenvolvidas são: levantamento de conhecimentos prévios e predição ou levantamento de hipóteses, isto porque a proposta sugere exponha conhecimentos a respeito do tema e também que “tente”, “arrisque” o tema a ser tratado a partir do título. É uma capacidade que lida diretamente com as experiências do leitor.

B- Na segunda questão, a capacidade de leitura desenvolvida é a checagem de hipóteses, dado que a proposta solicita a leitura do texto e que, somente após tê-lo a feita pelo leitor é que se checa os resultados: se elas se confirmaram ou não.

C- Na terceira questão, as capacidades de leitura desenvolvidas são: a localização de informações e a inferência, a partir de elementos presentes no texto (inferências locais), onde o leitor teria que buscar informações ao longo do texto, porém em alguns pontos específicos para que pudesse compreender nas entrelinhas o que a proposta solicitava.

D- As questões 4 e 5 desenvolvem as capacidades de apreciação e réplica do leitor: percepção de relações de intertextualidade, isto porque ambas levam o leitor a analisar outros textos além do já apresentado (obra de arte e a biografia) e perceber relações entre eles;

- Na questão 4 ainda se desenvolve a percepção de outras linguagens: linguagem não verbal (obra de arte);
- Na questão 5 é desenvolvida a recuperação do contexto de produção, etapa em que solicita do leitor uma análise mais profunda quanto aos aspectos do texto desde a sua produção às ideologias de quem o produziu, como e quando produziu.

E- Na sexta questão, a capacidade de leitura desenvolvida é a apreciação de valores éticos e políticos, isto devido levar o leitor a assumir um posicionamento frente aos fatos narrados: um cidadão desconhecido passa mal numa rua movimentada e não encontra quem realmente o socorresse, ocorrendo-lhe a morte num período de duas horas, e ele ali, sem atendimento, sem contar que seus objetos pessoais foram sendo levados gradativamente pelos que ali passavam.



PROPOSTA B (ESCRITA)

Como é do conhecimento de todos vocês, estamos trabalhando o Artigo de Opinião, e como nós, num primeiro momento tivemos contado com a leitura de diversos textos verbais e não verbais “Uma vela para Dario” – Dalton Trevisan e a obra de Arte “Lapontneuf” - Monet onde ficou claro que o tema estaria ligado ao aspecto de falta de solidariedade, cidade grande, individualismo, curiosidade desnecessária, falta de dignidade, roubo. Para se escrever um Artigo de Opinião todos vocês já sabem que é preciso uma questão controversa, então vamos lá:

1- A classe será divida em grupos de quatro alunos cada um onde cada grupo deverá escrever uma questão controversa para cada subtema:
a. Solidariedade;
b. Cidade grande;
c. Individualismo;
d. Dignidade.
2- Cada grupo deverá apresentar para a classe dentro de 15 minutos as questões formuladas.

3- Os grupos, após apresentarem escolherão duas questões mais interessantes para escreverem então o Artigo de Opinião.

4- É o momento da escrita do Artigo de Opinião, escreva e revise –o (peça ajuda a um colega e ao professor );

5- Apresente à classe seu texto e posteriormente será afixado no pátio para os demais alunos.

CAPACIDADES DE ESCRITA

A- A primeira atividade propõe a classe uma retomada nos conteúdos trabalhados, assim a capacidade de escrita desenvolvida diz respeito aos conteúdos;

B- A segunda atividade desenvolve a capacidade de escrita relativa ao gênero em questão, ou seja, foi solicitado que os grupos escrevam uma questão controversa (gênero em questão: Artigo de Opinião);

C- A terceira atividade desenvolve a capacidade de leitura ligada aos elementos de produção, pois devem ser analisadas a questão controversa mais adequada para o contexto apresentado;

D- A quarta e quinta atividades também estão relacionadas ao contexto de produção pois irão envolver todo o conteúdo trabalhado, definir a finalidade do texto (articulação dos conteúdos à estrutura do gênero em questão por meio de pontos de vista) o leitor (colegas de classe e da escola) e a circulação (escola, mais especificadamente, o mural do pátio); ainda, desenvolver a capacidade de escrita ligada aos aspectos formais do texto (momento da revisão gramatical e ortográfica).


TEXTO 1
Uma Vela para Dario
Dalton Trevisan
Dario vinha apressado, guarda-chuva no braço esquerdo e, assim que dobrou a esquina, diminuiu o passo até parar, encostando-se à parede de uma casa. Por ela escorregando, sentou-se na calçada, ainda úmida de chuva, e descansou na pedra o cachimbo.Dois ou três passantes rodearam-no e indagaram se não se sentia bem. Dario abriu a boca, moveu os lábios, não se ouviu resposta. O senhor gordo, de branco, sugeriu que devia sofrer de ataque.Ele reclinou-se mais um pouco, estendido agora na calçada, e o cachimbo tinha apagado. O rapaz de bigode pediu aos outros que se afastassem e o deixassem respirar. Abriu-lhe o paletó, o colarinho, a gravata e a cinta. Quando lhe retiraram os sapatos, Dario roncou feio e bolhas de espuma surgiram no canto da boca.Cada pessoa que chegava erguia-se na ponta dos pés, embora não o pudesse ver. Os moradores da rua conversavam de uma porta à outra, as crianças foram despertadas e de pijama acudiram à janela. O senhor gordo repetia que Dario sentara-se na calçada, soprando ainda a fumaça do cachimbo e encostando o guarda-chuva na parede. Mas não se via guarda-chuva ou cachimbo ao seu lado.A velhinha de cabeça grisalha gritou que ele estava morrendo. Um grupo o arrastou para o táxi da esquina. Já no carro a metade do corpo, protestou o motorista: quem pagaria a corrida? Concordaram chamar a ambulância. Dario conduzido de volta e recostado á parede - não tinha os sapatos nem o alfinete de pérola na gravata.Alguém informou da farmácia na outra rua. Não carregaram Dario além da esquina; a farmácia no fim do quarteirão e, além do mais, muito pesado. Foi largado na porta de uma peixaria. Enxame de moscas lhe cobriu o rosto, sem que fizesse um gesto para espantá-las.Ocupado o café próximo pelas pessoas que vieram apreciar o incidente e, agora, comendo e bebendo, gozavam as delicias da noite. Dario ficou torto como o deixaram, no degrau da peixaria, sem o relógio de pulso.Um terceiro sugeriu que lhe examinassem os papéis, retirados - com vários objetos - de seus bolsos e alinhados sobre a camisa branca. Ficaram sabendo do nome, idade; sinal de nascença. O endereço na carteira era de outra cidade.Registrou-se correria de mais de duzentos curiosos que, a essa hora, ocupavam toda a rua e as calçadas: era a polícia. O carro negro investiu a multidão. Várias pessoas tropeçaram no corpo de Dario, que foi pisoteado dezessete vezes.O guarda aproximou-se do cadáver e não pôde identificá-lo — os bolsos vazios. Restava a aliança de ouro na mão esquerda, que ele próprio quando vivo - só podia destacar umedecida com sabonete. Ficou decidido que o caso era com o rabecão.A última boca repetiu — Ele morreu, ele morreu. A gente começou a se dispersar. Dario levara duas horas para morrer, ninguém acreditou que estivesse no fim. Agora, aos que podiam vê-lo, tinha todo o ar de um defunto.Um senhor piedoso despiu o paletó de Dario para lhe sustentar a cabeça. Cruzou as suas mãos no peito. Não pôde fechar os olhos nem a boca, onde a espuma tinha desaparecido. Apenas um homem morto e a multidão se espalhou, as mesas do café ficaram vazias. Na janela alguns moradores com almofadas para descansar os cotovelos.Um menino de cor e descalço veio com uma vela, que acendeu ao lado do cadáver. Parecia morto há muitos anos, quase o retrato de um morto desbotado pela chuva.Fecharam-se uma a uma as janelas e, três horas depois, lá estava Dario à espera do rabecão. A cabeça agora na pedra, sem o paletó, e o dedo sem a aliança. A vela tinha queimado até a metade e apagou-se às primeiras gotas da chuva, que voltava a cair.
Texto extraído do livro "Vinte Contos Menores", Editora Record – Rio de Janeiro, 1979, pág.20.
Texto 2 - Obra de Arte
Laponteuf - Monet




TEXTO 3
Biografia
Nascido em 14 de junho de 1925, o curitibano Dalton Jérson Trevisan sempre foi enigmático. Antes de chegar ao grande público, quando ainda era estudante de Direito, costumava lançar seus contos em modestíssimos folhetos. Em 1945 estreou-se com um livro de qualidade incomum, Sonata ao Luar, e, no ano seguinte, publicou Sete Anos de Pastor. Dalton renega os dois. Declara não possuir um exemplar sequer dos livros e "felizmente já esqueci aquela barbaridade". Entre 1946 e 1948, editou a revista Joaquim, "uma homenagem a todos os Joaquins do Brasil". A publicação tornou-se porta-voz de uma geração de escritores, críticos e poetas nacionais. Reunia ensaios assinados por Antonio Cândido, Mario de Andrade e Otto Maria Carpeaux e poemas até então inéditos, como O caso do vestido, de Carlos Drummond de Andrade. Além disso, trazia traduções originais de Joyce, Proust, Kafka, Sartre e Gide e era ilustrada por artistas como Poty, Di Cavalcanti e Heitor dos Prazeres. Já nessa época, Trevisan era avesso a fotografias e jamais dava entrevistas. Em 1959, lançou o livro Novelas Nada Exemplares - que reunia uma produção de duas décadas e recebeu o Prêmio Jabuti da Câmara Brasileira do Livro - e conquistou o grande público. Acresce informar que o escritor, arisco, águia, esquivo, não foi buscar o prêmio, enviando representante. Escreveu, entre outros, Cemitério de elefantes, também ganhador do Jabuti e do Prêmio Fernando Chinaglia, da União Brasileira dos Escritores, Noites de Amor em Granada e Morte na praça, que recebeu o Prêmio Luís Cláudio de Sousa, do Pen Club do Brasil. Guerra conjugal, um de seus livros, foi transformado em filme em 1975. Suas obras foram traduzidas para diversos idiomas: espanhol, inglês, alemão, italiano, polonês e sueco. Dedicando-se exclusivamente ao conto (só teve um romance publicado: "A Polaquinha"), Dalton Trevisan acabou se tornando o maior mestre brasileiro no gênero. Em 1996, recebeu o Prêmio Ministério da Cultura de Literatura pelo conjunto de sua obra. Mas Trevisan continua recusando a fama. Cria uma atmosfera de suspense em torno de seu nome que o transforma num enigmático personagem. Não cede o número do telefone, assina apenas "D. Trevis" e não recebe visitas — nem mesmo de artistas consagrados. Enclausura-se em casa de tal forma que mereceu o apelido de O Vampiro de Curitiba, título de um de seus livros. (www.releituras.com/daltontrevisan_bio.asp)

Um comentário:

Tamara disse...

Alessandra, sua proposta está excelente. Além de criativo, contempla as diversas capacidades de leitura e escrita, apresenta um trabalho com as diferentes linguagens e gêneros do discurso. Parabéns pelo seu desempenho e participação no curso! Aguardamos vc em 2008. Abs, Cid e Tamar.